quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Conceição do Araguaia-PA, uma município perdido em “nós” da política.


O município de Conceição do Araguaia foi considerado como um potencial polo voltada para a educação. E por isso, a Universidade do Estado do Pará construiu o seu primeiro núcleo de interiorização. Grande potencial turístico, indústria de leite e de couro não verticalizada, agricultura familiar e de grandes fazendas, muitas delas com produção em pequena escala, comércio instável. Em 1982, o município foi desmembrado, dando origem a outros municípios. Desmembramento mal estudado e planejado levou Conceição do Araguaia a perde prestigio político, por ironia, justamente pelas mãos do governador Jader Barbalho, até hoje considerado por muitos como a grande liderança política local.

Quando fui pela primeira vez à Conceição do Araguaia, em 1986, lá ainda estavam concentradas todas as sedes dos órgão do estado e federal que, mais tarde, foram transferidas a sua grande maioria para o município de Redenção. Naquele tempo viajava-se de Marabá à Conceição com as estradas ladeadas de florestas ainda pouco intocadas nas margens, mas consumida pelo latifúndio no meio da mata. Conceição do Araguaia foi o foco de grilagem e de resistência, há muito tempo imperava a grilagem dos latifundiários, a violência contra trabalhadores, policiais que se corrompiam pelos latifundiários para agredir trabalhadores rurais, porém existia um elevado movimento social que lutava por Reforma Agrária e dava sempre respostas a altura das necessidades de avançar as conquistas do povo.

Atualmente considero que Conceição do Araguaia, no campo político, vive um “bololô” (emaranhado de “nós”) nas eleições. Isto é o resultado da péssima gestão na prefeitura; alianças entre partidos que respiram interesses diferentes, e com isso sufocam a população que sem alternativa está indo ao sabor da maré sem apresentar resistência aos projetos políticos apresentados.

Vejamos o “bololô”:

1 O atual prefeito de Conceição do Araguaia, Walter Peixoto, já pode ser considerado o pior prefeito que já se viu administrar um município. Um político sem carisma, sem trato público com as lideranças, que não conseguiu nem junta o seu próprio partido. Está deixando a administração em “terra arrasada”.

2 A UEPA e IFPA tornaram-se trampolins eleitorais, mais descaradamente tem sido a forma como as lideranças do município tratam a UEPA. Nas últimas eleições para a coordenação da UEPA os principais partidos que vivem se confrontando se uniram: PSDB, PMDB, PDT, PSC (do Vice-governador), PT, algumas igrejas evangélicas (a maioria com candidatos) e o setor mais conservador da igreja católica, para apoiar a candidatura do atual coordenador Wanderson Carvalho. Todos de olho nas eleições hora em curso. O vice-governador não mandou emissário, ele mesmo tomou a frente do apoio e prometeu “mundos e fundos”, até agora não se viu a cor do que ele chamou “de um resto do orçamento do estado de 100 mil”. Quase um ano de gestão na UEPA o que já vimos foi o que não foi feito: no lançamento do livro de uma professora da universidade, o auditório recém inaugurado lotado, todos suando à “bicas” sem que nem um ar condicionado prestasse. Do auditório à pintura do Campus ainda é resultado da conquista da gestão anterior da professora Lucilei.

3 No processo eleitoral, como o esperado, cada partido buscou alianças as mais estapafúrdias. O PMDB de Jair Martins fez uma aliança com quase uma dezena de partidos, caso eleito, já podemos premeditar certa ingovernabilidade. Juntou de A à Z. Até o PCdoB se curvou a possibilidade de fazer parte de mais um governo, sem que para isso tenha se tornado pelo menos uma alternativa futura à esquerda. O PCdoB não mediu as consequências de ter que conviver com um candidato que responde a vários processo, o ultimo deles: suposto desvio de mais de 4 milhões da saúde, já denunciado pelo Ministério Público Federal de Tocantins (fonte, TJF-TO). O PT, com o desgaste sofrido ficou sem alternativa e está como coadjuvante na chapa do PPS, do governo Jatene, com poucas possibilidades de eleição.

4 Os movimentos sociais e suas lideranças que poderiam ser uma luz para esse “bololô” foram ofuscados por cargos na administração; pela inércia dos setores progressistas da igreja católica, que outrora deram contribuições inestimável para a luta do povo. A população, na política eleitoral, sem alternativa de mérito, está prestes a eleger um candidato que só não é ficha suja porque a justiça é lenta e partidária. O PSDB do governador Jatene, está escondido por trás das coligações, sem lideranças e talvez com vergonha da péssima gestão do governador. O PDT, que já não é mais do Brizola, e sim do latifundiário Giovanni Queiroz, também não apresentou candidatura ao cargo majoritário, porque a única luz que acende no PDT é a do próprio Giovanni.

E a bela conceição do Araguaia vai padecendo, tendo que esperar para progredir, esperando que o futuro ou uma nova safra de lideranças surjam para ajudar a desatar os “nós”. Poderíamos esperar que o setor da educação nos possibilitasse isso, mas, por enquanto, o que depender da UEPA isso vai demorar um pouco. Muitos jovens universitário se comprometeram com o projeto político dos partidos que tomaram de “assalto” a universidade, muitos deles estão nas ruas fazendo campanha, ajudando a aumentar os “nós” (Situação já divulgada pelo professor Hugo Brito por meio do seu Facebook).

Entretanto não temos o que temer, o que está no obscurantismo será iluminado por novas ideias e ideais, confio na mudança.

Miguel Pereira

Prof. da UEPA  

Nenhum comentário:

Postar um comentário