Conceição do Araguaia-PA, uma município perdido em “nós” da política.
O município de Conceição do
Araguaia foi considerado como um potencial polo voltada para a educação. E por
isso, a Universidade do Estado do Pará construiu o seu primeiro núcleo de
interiorização. Grande potencial turístico, indústria de
leite e de couro não verticalizada, agricultura familiar e de grandes fazendas, muitas delas com produção em pequena escala, comércio instável. Em 1982, o
município foi desmembrado, dando origem a outros municípios. Desmembramento mal
estudado e planejado levou Conceição do Araguaia a perde prestigio político,
por ironia, justamente pelas mãos do governador Jader Barbalho, até hoje
considerado por muitos como a grande liderança política local.
Quando fui pela primeira vez à
Conceição do Araguaia, em 1986, lá ainda estavam concentradas todas as sedes
dos órgão do estado e federal que, mais tarde, foram transferidas a sua grande
maioria para o município de Redenção. Naquele tempo viajava-se de Marabá à
Conceição com as estradas ladeadas de florestas ainda pouco intocadas nas margens, mas consumida pelo latifúndio no meio da mata. Conceição do Araguaia foi o foco de grilagem e de resistência, há muito tempo imperava a grilagem dos latifundiários, a violência contra
trabalhadores, policiais que se corrompiam pelos latifundiários para agredir trabalhadores
rurais, porém existia um elevado movimento social que lutava por Reforma Agrária
e dava sempre respostas a altura das necessidades de avançar as conquistas do
povo.
Atualmente considero que
Conceição do Araguaia, no campo político, vive um “bololô” (emaranhado de “nós”)
nas eleições. Isto é o resultado da péssima gestão na prefeitura; alianças
entre partidos que respiram interesses diferentes, e com isso sufocam a população
que sem alternativa está indo ao sabor da maré sem apresentar resistência aos
projetos políticos apresentados.
Vejamos o “bololô”:
1 O atual prefeito de Conceição
do Araguaia, Walter Peixoto, já pode ser considerado o pior prefeito que já se
viu administrar um município. Um político sem carisma, sem trato público com as
lideranças, que não conseguiu nem junta o seu próprio partido. Está deixando a
administração em “terra arrasada”.
2 A UEPA e IFPA tornaram-se
trampolins eleitorais, mais descaradamente tem sido a forma como as lideranças
do município tratam a UEPA. Nas últimas eleições para a coordenação da UEPA os principais
partidos que vivem se confrontando se uniram: PSDB, PMDB, PDT, PSC (do
Vice-governador), PT, algumas igrejas evangélicas (a maioria com candidatos) e
o setor mais conservador da igreja católica, para apoiar a candidatura do atual
coordenador Wanderson Carvalho. Todos de olho nas eleições hora em curso. O
vice-governador não mandou emissário, ele mesmo tomou a frente do apoio e
prometeu “mundos e fundos”, até agora não se viu a cor do que ele chamou “de um
resto do orçamento do estado de 100 mil”. Quase um ano de gestão na UEPA o que
já vimos foi o que não foi feito: no lançamento do livro de uma professora da
universidade, o auditório recém inaugurado lotado, todos suando à “bicas” sem
que nem um ar condicionado prestasse. Do auditório à pintura do Campus ainda é
resultado da conquista da gestão anterior da professora Lucilei.
3 No processo eleitoral, como o
esperado, cada partido buscou alianças as mais estapafúrdias. O PMDB de Jair
Martins fez uma aliança com quase uma dezena de partidos, caso eleito, já
podemos premeditar certa ingovernabilidade. Juntou de A à Z. Até o PCdoB se
curvou a possibilidade de fazer parte de mais um governo, sem que para isso
tenha se tornado pelo menos uma alternativa futura à esquerda. O PCdoB não
mediu as consequências de ter que conviver com um candidato que responde a
vários processo, o ultimo deles: suposto desvio de mais de 4 milhões da saúde,
já denunciado pelo Ministério Público Federal de Tocantins (fonte, TJF-TO). O PT,
com o desgaste sofrido ficou sem alternativa e está como coadjuvante na chapa
do PPS, do governo Jatene, com poucas possibilidades de eleição.
4 Os movimentos sociais e suas
lideranças que poderiam ser uma luz para esse “bololô” foram ofuscados por cargos
na administração; pela inércia dos setores progressistas da igreja católica,
que outrora deram contribuições inestimável para a luta do povo. A população,
na política eleitoral, sem alternativa de mérito, está prestes a eleger um
candidato que só não é ficha suja porque a justiça é lenta e partidária. O PSDB
do governador Jatene, está escondido por trás das coligações, sem lideranças e talvez com vergonha da péssima gestão do governador. O PDT, que já não
é mais do Brizola, e sim do latifundiário Giovanni Queiroz, também não
apresentou candidatura ao cargo majoritário, porque a única luz que acende no PDT é a
do próprio Giovanni.
E a bela conceição do Araguaia vai
padecendo, tendo que esperar para progredir, esperando que o futuro ou uma nova safra de
lideranças surjam para ajudar a desatar os “nós”. Poderíamos esperar que o
setor da educação nos possibilitasse isso, mas, por enquanto, o que depender da
UEPA isso vai demorar um pouco. Muitos jovens universitário se comprometeram
com o projeto político dos partidos que tomaram de “assalto” a universidade,
muitos deles estão nas ruas fazendo campanha, ajudando a aumentar os “nós”
(Situação já divulgada pelo professor Hugo Brito por meio do seu Facebook).
Entretanto não temos o que temer,
o que está no obscurantismo será iluminado por novas ideias e ideais, confio na
mudança.
Miguel Pereira
Prof. da UEPA
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