segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

LIBERDADE DE IMPRENSA? I parte.

Quem acompanha a choradeira dos representantes da grande mídia, quando se tenta definir com mais clareza o papel dos meios de comunicação e ao mesmo tempo abrir espaço para que o cidadão possa interferir nas programações, e para muito além, como todos podem ter o direito de resposta quando não se sentem satisfeitos com a falta de democracia por parte de quem define as programações da grande mídia. Essa lamúria dá a impressão de que no Brasil a mídia está aprisionada. Por isso, tavez, o título desta postagem deveria se definir sendo uma afirmação, liberdade da mídia: a busca da hegemonização da informação.
A busca pela hegemonização é fator predominante e embala os desejos da grande mídia, que contou com o apoio governamental, por muito tempo e permanece, quando impediu as rádios comunitárias de funcionarem, porém não se contrapos a concentração e a liberação de farto direito de instalação de rádio e televisão em todo o território nacional, com uma especificidade, apenas para os coroneis da grande mídia, protegidos pelo Ministério das Comunicações. Essa atitude governamental, proporcionou a formação de uma mídia que funciona, menos como intrumentos de informação e formação, e mais como um poderoso instrumento que define e impõem vontades, e é o vetor principal de necessidades fabricadas.
Para o Sociólogo Britânhico, Antony Giddes, a mídia é instrumento em que suas partes já não funcionam separadamente. Com as transformações tecnológicas a mída acompanhou os avanços e se constituiu em um aparato poderoso, ligado em rede, se confundiu, rádio, televisão, jornais etc. Essa metamorfose nas mãos da alite econômica brasileira constitui-se principalmente em poder político, que busca definir antes do eleitorado quem serão os candidatos e, em seguida quem governará, legislará e julgará em nome do povo brasileiro .

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A dúvida sobre o pensar sociológico: o ensino médio em questão

Com relação ao ensino de Sociologia no ensino médio há muitos problemas em sala de aula, desde a relação professor-aluno até as limitações do professor em dialogar sobre a disciplina. O artigo não pretende ser conclusivo, mas fazer parte de um conjunto de opiniões que pode contribuir para o ensino-aprendizagem em sala de aula. Em tela, este artigo tenta contribuir com o debate sobre a sociologia e suas repercussões didático-pedagógica no processo de ensino aprendizagem, especificamente a eficácia metodológica a ser empregada para constituir o olhar sociológico nas interpretações sobre a realidade social, cultural política e econômica. Esse olhar por se Tratar de um exercício intelectual que exige um conjunto de conhecimentos prévios, confunde muitos professores em sala de aula, e os alunos criam objeções à disciplina por não conseguirem entender a função da analise sociológica no cabedal de conhecimento necessário ao futuro do aluno. Por isso, inicia-se o artigo questionando como se dá o processo de observação sociológico por alunos e como o professor pode utilizar métodos de ensino que aproximem a Sociologia da realidade, porém, fundamentalmente como tratar a questão social de modo metodologicamente científica?
Para as pessoas comuns observar e interpretar a realidade não parece ser um exercício que exige grandes complexidades. É da própria natureza do Ser humano interpretar o mundo ao seu redor procurando mobilizar todas às informações possíveis para dar significado a sua existência social, cultural e filosófica, que ao longo de uma vida inteira foi absorvida por intermédio da transmissão consuetudinária. Quem pode falar sobre violência, os impactos econômicos, culturais e sociais senão aqueles que convivem no cotidiano com todas as formas de elaboração e reelaboração dos contornos simbólicos e materiais do resultado das relações sociais. Justamente por isso, quando se fala sobre essas questões em sala de aula parece redundante aos ouvidos dos alunos e inquietante para o professor que não consegue repassar o ato de raciocinar sociologicamente, apenas repete as observações e interpretações que a maioria ou parte dos alunos sabem realizar.
Mas, o que parece ser algo simples torna-se complexo quando se trata de observar e pensar de modo específico por se tratar da utilização de nomenclaturas e conceitos também específicos do modo de pensar. São espaços de construções particulares que cada ciência carrega e se diferencia. Portanto, não há uma única forma de pensar e um único caminho para buscar a validade da interpretação dos objetos e fenômenos humanos. Para Pedro Demo (2008), quanto ao método não há unidade nas ciências humanas, há uma descrição mais sólida no grupo interno oriunda das ciências sociais, onde o objeto é socialmente condicionado, ou seja, “torna-se incompreensível fora do contexto da interpretação social” (DEMO, 2008. p. 15).
Se há construções de espaços específicos no campo da observação e da interpretação, há um ofício a obedecer semanticamente que se impõem às palavras e a qualquer ciência. Essa afirmação se baseia no princípio de que não se pode discutir o nome sem que lhes seja dito o sentido informado. Então, como discutir problemas do cotidiano sem que se esclareça sobre qual o modo que se está observando e interpretando?  Qual a semântica (compreendida como o traslado das palavras ao longo de um determinado período histórico) adequada a esse modo de pensar? Problemas do cotidiano podem ser questionados e explicados pelos olhares de varias ciências e por meio da experiência sócio-cultural do senso comum. O que exige ao raciocínio sociológico ser explícito tanto no método quanto nas definições lógico-experimentais e de examinar os aspectos teóricos dos fenômenos observados, sob o domínio semânticos apresentados. Para ser mais claro vamos nos apoiar nas opiniões de Passeron (1995). Para ele todo o trabalho de determinação coordenada dos conceitos básicos vai de encontro à instabilidade do vocabulário sociológico. Ou seja, se a história é basilar para a ciência social, então, segundo Pedro Demo (2008) “o Ser histórico significa caracterizar-se pela situação de “estar”, não de “ser”.
Para as ciências humanas a marca da história não é o seu caráter cronológico e sim os seus aspectos provisórios no processo, estão de passagem ou em transição, sempre admite reparos e superações na narrativa e na semântica. De outro modo, a linguagem sociológica admite o estado caótico dos enunciados conceituais e se afirma sob o limite da linguagem do campo teórico que determina a sua coerência conceitual.
Assim, ao retomar os aspectos iniciais deste artigo, provisoriamente concluímos que a Sociologia demanda o contexto histórico, do mesmo modo que se exige dotar os alunos de conhecimento do modo de pensar sociológico, e em consequência é necessário dotá-los da semântica vocabular do raciocínio sociológico, o que torna imprescindível que se estabeleça relação direta entre a realidade cotidiana e a linguagem própria que identifica o modo de raciocinar sociologicamente. Por exemplo, podemos discutir sobre a amizade utilizando um determinado modo de pensar que relacione e mobilize um conjunto de olhar, filosófico, psicológico, histórico, geográfico, químico-biológico, estatístico etc. a Sociologia poderia se apropriar dessa variação de olhares para explicar a amizade, mas sem a semântica e os conceitos sociológicos poderia ser tudo menos o olhar e o pensar sociológico.
A Sociologia é um instrumento de abrangência teórica de apreensão e da compreensão das transformações históricas atuais, apresenta-se complexa por sua densidade interna, ciência especifica que aceita permeabilização com outras ciências, com a metodologia que abrange as ciências humanas, por isso não é qualquer observação e interpretação da realidade que se expressa como sociológica.
 Desse modo, a simplificação reducionista, que quer tratar do fato social como representação da realidade onde os conceitos e a teoria não guardam lugar é também guetizar a Sociologia a um confuso emaranhado da explicação vulgar, onde não trata de determinar as realidades sociais de modo que se possa compreendê-las sociologicamente, e nem tampouco estimula a curiosidade por ser apenas uma fotografia da realidade.
Por outro lado, não se pretende transformar a Sociologia, principalmente para o ensino médio, em uma plataforma teórica onde os alunos não conseguem alcançar e acompanhar as intervenções dos professores em sala de aula, exclusivamente aquela que se afasta da vida real.
Para raciocinar sociologicamente são necessários conhecimentos prévios, como, o que são: instituições, comunidade, movimento social, sociedade, socialização, estrutura social, classes sociais, estratificação social etc.: a luz dos conceitos sociológicos. Porém, a questão que deve perturbar os professores é como associar, sem artificializar e cair no reducionismo, esses conceitos. E mais, sem arranjar os encaixes forçados de teorias e doutrinas quando o discurso perde sentido por falta de continuidade da teoria à realidade. Neste momento está em cena a perspectiva interdisciplinar. Se não se domina os conceitos sociológicos como emprestar conceitos e intervenções de outras ciências, às vezes a demanda da Sociologia já exige um esforço “descomunal” para o professor se atualizar. Entretanto, quando perde a capacidade de conhecer outras ciências perde o vigor para multiplicar o olhar. Onde ficamos? No meio termo que é a melhor posição, guardando as especificidades relacionadas às ciências humanas.
Pensar sociologicamente exige capacidade de complementação do conhecimento teórico, pouco exercitado principalmente nas escolas, que é a pesquisa. Essa é uma forma fundamental para fazer com que os alunos relacionem teoria e realidade e antecipem a sua formação encontrada no ensino superior. Antes mesmo de o professor discutir em sala de aula sobre os conceitos sociológicos torna-se interessante que os alunos, primeiramente, pesquisem com orientação, sobre como se processa a pesquisa, em bibliotecas, revistas, jornais, internet etc.
É importante que o aluno possa interagir com a sociedade sobre os temas, entrevistando, observando locais e pessoas comuns para saber se conhecem ou não o que significa comunidade, sociedade etc. Este exercício servirá para o aluno perceber que fora da escola as pessoas pensam sobre os temas tratados em sala de aula, e que algumas pessoas sabem ao seu modo do que se trata, mas muitas pessoas comuns não saberão dizer exatamente de forma sistematizada o significado. Porém vivem sob as regras que são determinadas coletivamente, direta ou indiretamente.
Sem pressa para introduzir as teorias, precisamos entender que os teóricos fizeram ou fazem parte da sociedade e por isso estudam a sociedade em que viveram ou vivem o que modifica é a estruturação da semântica, pois, os teóricos se expressam com a linguagem do seu tempo e para o seu tempo. Lembremos, o que se está afirmando não é a negação das teorias, mas a sua valorização, porque teorias são contextualizadas que podem ou não ser instrumentalizadas para a atualidade. O importante é o aluno saber que para se constituir uma teoria em ciências sociais é realizado um esforço metodológico que envolve a escolha do objeto, roteiro de pesquisa de campo e bibliográfica, compreensão, interpretação, elaboração escrita e defesa.  
O aprofundamento dos conceitos sociológicos caminham junto com a experiência da construção teórica da realidade. Pedrinho Guareschi (1997) nos permite conhecer este processo de construção teórica com um exercício para pensar. Exemplifica o autor: para alguns a construção teórica é algo distante do processo social. Falamos em teoria, mas não sabemos dizer o significado e a construção das teorias, até utilizamos a palavra para intimidar adversários momentâneos em um debate, dizemos: “teoricamente você está confuso...”, porém se o outro perguntar: “o que é teoria?” Pronto, instalou-se a confusão. Por falta de conhecimento metodológico do processo a teoria é um exercício para os que vivem “no mundo da lua”. Não, definitivamente a falta de clareza sobre está questão nos leva para distante da realidade e, por conseguinte, nos afasta dos alunos. Então, como aproximar a construção teórica dos professores e alunos? Vejamos o processo, em colaboração com os exemplos de Pedrinho Guareschi.
Por ser a palavra “teoria” a mais usada e ao mesmo tempo mais difícil de compreender, poucas pessoas conseguem processar a teoria no dia-a-dia para um enunciado mais complexo. A gente vê vários fatos acontecerem durante o dia: um acidente, um homem escutando um rádio, uma criança morre. Sem se dar conta a gente começa a descobrir semelhanças entre os diversos fatos, ou seja, vai juntando os fatos singulares entre si. Percebe que a maioria dos acidentes se dá nos dias de chuva: liga acidente a chuva. Um homem escutando esporte em um rádio: junta o homem a esporte. Crianças que morrem são pobres: junta morte de crianças com pobreza. Conclusão: quando se junta semelhanças entre fenômenos se está fazendo uma generalização, ou uma lei. Assim se descobre três leis: 1) a chuva dá ocasião a acidentes; 2) os homens escutam principalmente esporte nos rádios; 3) a pobreza propicia a morte de crianças. Então teoria é um conjunto de fenômenos que procura explicar a realidade entre fatos concretos e singulares. Quando se têm algumas generalizações, ou leis, sobre determinada realidade, tem uma teoria.
São estas as formas que podem aproximar o aluno da importância do conhecimento e contato com as mais variadas ciências. São passos iniciais que poderão ser o modo pelo qual os alunos e professores passarão a adquirir o olhar e interpretação sociológicos. Saber que conhecer o processo metodológico de observação das ciências sociais, em particular da Sociologia, pode agudizar a curiosidade, perspicácia intelectual e a interpretação crítica sobre a sociedade.

Bibliografia consultada
DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da ciência / Pedro Demo. – 2. ed. - - 16. reimpr. – São Paulo : Atlas, 2008.
GUARESCHI, Pedrinho Alcides, 1940 - Sociologia Critica: alternativas da mudança. Porto Alegre. Mundo Jovem. 1997
PASSERON, Jean-Claude. O raciocínio sociológico: o espaço não popperiano do raciocínio natural/Jean-Claude Passeron ;  tradução de Beatriz Sidou. – Petropolis, Rj: Vozes, 1995.
Sociologia e ensino em debate : experiências e discussão de Sociologia no ensino médio / Org. Lejeune Mato Grosso de Carvalho. – Ijui : Unijui, 2004. 392 p.